05/01/2020 – O Estádio Municipal Francisco Ribeiro Nogueira

Começo de ano é boa época para visitar estádios graças à Copa São Paulo de Futebol Júnior, mais conhecida como Copinha, campeonato de base em que quase todos os seus jogos são gratuitos e que nos presenteia com muitos estádios pouco utilizados em torneios profissionais. Neste ano, é realizada sua 51ª edição, portanto um evento que já é tradicional no calendário futebolístico nacional. Nascida como Taça São Paulo de Juvenis (e, posteriormente, “de Juniores”), a Copinha mantém a regularidade de ocorrer sempre no mesmo período do ano a fim de que sua final coincida com o aniversário da cidade de São Paulo, em 25 de janeiro.

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Desta vez, escolhemos uma das últimas cidades sentido leste da Região Metropolitana de São Paulo e quase tocando o litoral, Mogi das Cruzes. A cidade é servida pela linha 11-coral da CPTM e o estádio situa-se relativamente perto da estação Mogi das Cruzes, esta no centro da cidade. O município de médio porte abriga dois clubes que dividem o uso do estádio municipal ao qual nos dirigimos: o União Futebol Clube (vulgo União Mogi), tradicional clube fundado em 1913 e atualmente na Segunda Divisão do Campeonato Paulista (não confundir com série A2), e o Atlético Mogi das Cruzes, fundado em 2004 e também na Segundona.

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O estádio Francisco Ribeiro Nogueira, mais conhecido como Nogueirão, e o terreno onde ele se encontra possuem uma longa história. Em 1942, foram comprados os terrenos de sua localização e de seu entorno para a construção da usina siderúrgica Mineração Geral do Brasil (MGB), que começou a funcionar em 1944, no período derradeiro da Segunda Guerra e de alta demanda por aço. Além da construção da usina em si, foram construídos uma Vila Industrial, conjunto de 550 residências para abrigar os operários, e um espaço de lazer, a princípio um campo de futebol e que viria a ser um centro desportivo que incluía equipamentos de atletismo para os funcionários da usina. Nascia com ele o Estádio Cavalheiro Nami Jafet, onde jogava o Esporte Clube Mineração Geral do Brasil.

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No entanto, os anos de bonança não duraram mais do que duas décadas. Em 1966, a MGB entrou em crise e paralisou suas atividades, sendo adquirida em 1968 pela recém implementada estatal Companhia Siderúrgica de Mogi das Cruzes (Cosim), um movimento da ditadura militar para tentar salvar esta indústria de base. Em 1973, a Cosim é incorporada a uma holding estatal chamada Siderbrás (Siderurgia Brasileira). Com isso, o estádio e seu terreno são municipalizados. Posteriormente, a empresa é privatizada para uma companhia de nome Excell/Mogi Tubos, que fecha as portas no final dos anos 1990. Hoje o que não faltam são imbróglios judiciais e econômicos: processos trabalhistas e incertezas quanto ao destino do terreno, em parte comprado pelo Grupo Shibata, em parte mantido pelo poder público para transformá-lo em um parque.

Quanto ao estádio… bem, ele continuou sob administração municipal e foi demolido e reconstruído em 1995 sob o nome atual. O Nogueirão recebeu uma grande reforma em 2015 e durante nossa visita vimos um estádio muito bem conservado. Este ano ele foi sede do grupo 21 da Copinha, composto pelas equipes de União Mogi, Real Brasília, Grêmio Porto Alegrense e Juventus. Fomos presenciar a segunda rodada da primeira fase com dois jogos sendo disputados sequencialmente.

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O primeiro deles trazia os donos da casa contra o Real. O que parecia ser o ponto baixo da manhã de domingo acabou sendo a melhor partida do dia, não tanto pela qualidade técnica dos presentes, mas pela chuva de gols que tomou conta do Nogueirão no segundo tempo da partida. Após um primeiro tempo razoavelmente equilibrado entre as equipes, no segundo período a equipe do cerrado não deu chance para o União e finalizou o jogo com larga vantagem: União F.C. 1×5 Real Brasília. No segundo jogo, as equipes do Juventus e do Grêmio mantiveram-se no mesmo nível, mas também fizeram um jogo mais morno, terminando com o placar de 1×1.

Destes clubes, passaram para a segunda fase Real e Grêmio. O time porto alegrense, que nunca venceu uma Copinha, acabou chegando à final, mas foi derrotado pelo seu rival Internacional nas cobranças de pênaltis.

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Após as partidas de futebol, fizemos nosso usual passeio pelo centro da cidade. Como era um domingo, quase tudo estava fechado, mas a cidade parecia bem cuidada e com um centro charmoso pela baixa densidade de prédios altos e pelos calçadões. Particularmente nos chamou a atenção a antiga parada de ônibus rodoviário com seu traçado art déco. O clima quente, abafado e mormaço e a alta taxa de vendinhas de açaí por metro quadrado nos fizeram lembrar que estávamos a poucos quilômetros do litoral, mas a aparência em si da cidade remetia mais a uma cidade interiorana. Satisfeita nossa curiosidade, pudemos tomar nosso rumo de volta a São Paulo felizes pelo sucesso da domingueira.

 

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